O que é a intolerância à histamina e quais são os seus efeitos na saúde menstrual?

A relação entre a histamina e o ciclo menstrual ainda não é muito divulgada. Mas a verdade é que esta proteína, pode causar desequilíbrios hormonais e prejudicar a tua saúde menstrual.

Conhece os alimentos a evitar, se fores sensível à histamina.

Quando se ouve falar de histamina, vêm-nos frequentemente à cabeça o tipo de fármacos utilizados para minimizar os efeitos das alergias respiratórias: os anti-histamínicos. Na verdade, esta substância tem um papel muito mais abrangente do que provocar espirros e nariz a pingar, pois interfere com diversas funções do nosso organismo, nomeadamente no ciclo menstrual.

O que são as histaminas?

São proteínas produzidas por algumas células do nosso corpo – na sua maioria glóbulos brancos – e que se encontram abundantemente em quase todos os tecidos. Estas moléculas são libertadas dos glóbulos brancos (principalmente dos mastócitos) quando o nosso organismo está em contacto com uma substancia à qual é hipersensível (ácaros, pólen, alimentos, etc.). Este é uma espécie de mecanismo de defesa do organismo, sempre que se sente ameaçado (resposta imunológica). A histamina também tem uma função reguladora na fisiologia intestinal, actuando como um neurotransmissor (resposta inflamatória de origem alérgica).

Quais são as principais funções das histaminas?

Sempre que se encontrem em quantidade equilibrada, as histaminas contribuem para o bom desempenho de algumas funções importantes da saúde humana:

  • regulam a acidez do estômago;
  • estimulam o cérebro;
  • promovem o desejo sexual;
  • na fertilidade e gravidez, estas são importantes para a ovulação, implantação do blastocisto, regulação do fluxo de sangue da placenta e a contratilidade uterina;
  • podem prevenir o parto pré-termo e a pré-eclampsia.

Tal como em tudo na vida, o equilíbrio está em mantermos as quantidades ideais de todas as substâncias que o nosso corpo necessita.

Muitas mulheres desconhecem que têm sensibilidade à histamina e que o contacto com substâncias que promovam a excessiva libertação desta proteína para o organismo (por exemplo, através do consumo de determinados alimentos) poderá provocar uma resposta inflamatória que se manifesta num conjunto de sintomas que estão, directa ou indirectamente, relacionados com a sua saúde menstrual:

  • fluxo menstrual abundante (menorragia);
  • dores menstruais (dismenorreia);
  • dores abdominais por altura da ovulação;
  • ciclos irregulares e/ou anovulatórios;
  • enxaquecas;
  • confusão mental (brain fog);
  • sensação de inchaço/enfartamento;
  • insónia;
  • ansiedade;
  • dor mamária;
  • dificuldade em engravidar.

Qual a relação directa entre a histamina e a saúde menstrual?

A hormona estrogénio*, mais precisamente na sua forma estradiol (E2), e a histamina são o que eu chamo de amigas-do-peito. O estrogénio activa a segregação de histamina pelos mastócitos e esta, por sua vez, estimula os ovários para uma produção aumentada de estrogénio (neste processo também entra em acção uma outra hormona-amiga, a LH). Para além disso, o estrogénio tem a particularidade de regular negativamente as enzimas DAO (diaminoxidase) e MAO (monoamina oxidase), responsáveis por decompor e tornar biodisponível a histamina.

Os sintomas de intolerância à histamina manifestam-se mais comummente nos períodos em que o estrogénio é mais elevado: final da fase folicular, ovulação e uns dias antes da menstruação.

Numa mulher sensível à histamina, ingerir diariamente alimentos ricos em histamina coloca-a numa montanha-russa hormonal devido ao aumento dos níveis de estrogénio e consequente défice de progesterona.

E, seguida apresento uma lista de alguns alimentos ricos em histamina e/ou que favorecem a sua libertação no organismo ou mesmo que bloqueiam a acção da enzima DAO:

  • vinho tinto, espumante, cerveja;
  • laticínios em geral, mas especialmente queijos de vaca e/ou maturados;
  • salame, presunto, bacon;
  • conservas de peixe;
  • chucrute, pickles e outros vegetais fermentados;
  • molho de soja, ketchup;
  • vinagre;
  • tomate, beringela e espinafre;
  • banana, abacate, morangos e ananás;
  • marisco;
  • chocolate;
  • cogumelos;
  • avelãs, nozes, cajus;
  • amendoins, grão de bico;
  • chá verde, preto ou mate.

Para além dos alimentos, alguns fármacos, como os antibióticos, antidepressivos, antipsicóticos, diuréticos, relaxantes musculares, contraceptivos hormonais, medicamentos para o refluxo gástrico ou náuseas (entre outros) interferem negativamente na eficiente metabolização da histamina.

Alguns alimentos aconselhados para mulheres com sensibilidade ou intolerância à histamina:

  • alface, couve-flor, brócolos, cenoura, alho, abóbora, beterraba…
  • carne e peixe frescos;
  • ovos frescos;
  • maçãs, uvas, amoras, pêssegos, ameixa, groselha negra…
  • massas, arroz, batatas;
  • gengibre fresco;
  • infusão de rooibos;
  • raiz de alcaçuz (a evitar por pessoas com tendência para pressão arterial alta);
  • bebidas vegetais, como por exemplo de aveia, arroz ou amêndoa.

O nutrientes como a vitamina C, os flavanóides (quercetina), a vitamina B6, o ómega 3 e o zinco, desde que não estejam presentes em alimentos pro-histamínicos, são uma boa forma de equilibrar os índices de histamina e/ou de minimizar os seus efeitos negativos.

Como identificar a sensibilidade ou intolerância à histamina?

Existem formas de poderes diagnosticar uma possível intolerância à histamina através de análises ao sangue, que poderão medir o nível de histamina no sangue e a actividade da DAO. Para tal, sugiro que consultes um/a médico/médica ou naturopata.

Em conclusão: se, ao longo do ciclo menstrual, partilhas de alguns dos sintomas referidos anteriormente e, em paralelo, consomes regularmente alimentos ricos em histamina (ou que promovam a sua libertação) aconselho-te a fazeres um diário alimentar, suprimindo ou reduzindo a sua ingestão e a verificar se existe relação com a tua saúde menstrual, principalmente nas fases em que o estrogénio se encontra mais elevado.

A informação que consta no presente artigo do blog, é destinada apenas para fins educacionais e nunca substitui o diagnóstico médico.

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